segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

CUT e movimentos sociais unidos defendem R$ 580 e maior protagonismo do Estado

DURANTE ENCONTRO COM LULA, ARTUR RESSALTA IMPORTÂNCIA DO "MAIOR ACORDO COLETIVO DO MUNDO" PARA P DESENVOLVIMENTO DO PAÍS

Muito mais do que um emotivo e pormenorizado balanço do imenso avanço que representou para o país e para o povo brasileiro os últimos oito anos do governo federal, o Encontro dos Movimentos Sociais com o presidente Lula reafirmou a necessidade de manutenção da política de valorização do salário mínimo e do maior protagonismo do Estado para seguir “aprofundando as mudanças”, com soberania, democracia e justiça social. 
Em cada pronunciamento, as lideranças sindicais, estudantis, rurais, femininas, do movimento negro e de luta pela moradia que lotaram o saguão do Palácio do Planalto, na tarde de quarta-feira (15), traduziram o significado das medidas tomadas pelo governo Lula em suas áreas específicas e se alinharam na defesa de medidas que “levem adiante o projeto nacional e popular”.
Vestindo uma camiseta vermelha com os dizeres “Erradicação da miséria com salário digno. R$ 580,00, já!”, o presidente da Central Única dos Trabalhadores, Artur Henrique, defendeu a política de valorização do salário mínimo acordada entre as centrais e o governo como “o maior acordo coletivo do mundo”. Segundo Artur, o aumento para R$ 580,00 em primeiro de janeiro de 2011 tem papel estratégico para o desenvolvimento sustentável, pois o salário mínimo é hoje o principal instrumento de distribuição de renda no país, beneficiando diretamente cerca de 49 milhões de brasileiros. O líder cutista disse que todas as centrais aprenderam com o presidente Lula “a superar as dificuldades e as divergências e garantir a unidade para vir a Brasília, em marcha, para pressionar e lutar por aquilo que era de interesse do conjunto da classe trabalhadora”.

PRESSÃO NA FAZENDA -Pela manhã, um ato realizado pela CUT em frente ao Ministério do Planejamento, o secretário de Administração e Finanças da Central, Vagner Freitas, asseverou que “a erradicação da miséria sem a valorização do salário mínimo é mera retórica”. Vagner disse que num país em que grande parte da população sobrevive do salário mínimo, o seu aumento representou “a mais importante política social do governo Lula, fundamental para impulsionar a economia e distribuir renda”. Na sua avaliação, é preciso desmistificar colocações reproduzidas pelos grandes meios de comunicação de que a valorização do mínimo inviabiliza a Previdência e quebra as Prefeituras. Outra questão que deve ser priorizada, pois dialoga com parcela expressiva dos profissionais representados pela CUT, esclareceu o ex-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), é o reajuste da tabela do Imposto de Renda.
Na oportunidade, Artur Henrique também alertou que seria um “tiro no pé do crescimento” e uma “contradição enorme” que o principal instrumento para erradicar a miséria, que é o aumento do poder aquisitivo do salário mínimo, viesse a ser congelado. Ao longo do trajeto do aeroporto até a frente do Congresso Nacional, faixas da CUT alertavam para o problema dos trabalhadores virem a ser responsabilizados pela crise e apontavam a solução: R$ 580, já!

REPRESENTATIVIDADE - No Palácio do Planalto, os presidentes da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva; Antonio Neto (CGTB), Wagner Gomes (CTB), José Calixto (NCST) e Ricardo Patah (UGT), marcaram presença ao lado de lideranças do conjunto das categorias, respaldando a reivindicação pelos R$ 580,00.
O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Augusto Chagas, apontou a unidade das centrais sindicais como patrimônio dos trabalhadores e “estímulo e exemplo” para os demais movimentos sociais fortalecerem a sua coesão em torno de bandeiras comuns contra o retrocesso neoliberal. Chagas lembrou que a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a principal universidade pública do país. chegou a ter a luz cortada em 2001. “Com Lula, revertemos esta situação, duplicamos a universidade pública, e interiorizamos as vagas, através da conquista do Prouni, que colocou os filhos dos trabalhadores na universidade”, frisou.
Representando o conjunto dos setores da agricultura, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Broch, destacou que o momento é de celebrar as conquistas destes oito anos para o campo brasileiro, onde graças à intervenção do Estado, “campo deixou de ser lugar de miséria, fome, sinônimo de pobreza, pois os investimentos saltaram de dois bilhões para mais de R$ 20 bilhões”. Entre os programas que qualificou de “importantíssimos e estruturantes”, Alberto citou o de aquisição da agricultura familiar de pelo menos 30% dos alimentos da merenda escolar.
O secretário geral da Presidência, Luiz Dulci, reconhecido pelos movimentos sociais como seu principal interlocutor junto às esferas de governo, foi muito aplaudido e elogiado. Dulci agradeceu a confiança e a parceria, lembrando que sem as entidades populares o governo não conseguiria ter enfrentado os obstáculos colocados pela reação. “Queriam nos impor uma estratégica recessiva para enfrentar a crise, que aplicássemos mais da terapia neoliberal. Vocês, que têm inteligência crítica, foram os interlocutores do projeto de desenvolvimento do país”, declarou. A coesão, alertou, cumpre papel chave para o avanço. E citou Paulo Freire: “É preciso unir os divergentes para melhor enfrentar os antagônicos”.

LULA - Emocionado, o presidente Lula citou as 73 Conferências Nacionais realizadas, que reuniram mais de cinco milhões de pessoas, “e decidiram parte dos acertos das políticas públicas que colocamos em prática”. “Esta é uma conquista de vocês. Vocês me ajudaram a construir outro país, muitas vezes ajudaram a encontrar um caminho que eu não estava enxergando”. Desta forma, com consulta e diálogo, enfatizou Lula, foi dado “um salto de qualidade”, e é assim, ampliando a democracia participativa que o país continuará avançando, “de conquista em conquista”.
Ao final do evento, a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) entregou à Secretaria Geral da Presidência um documento onde a cobra a valorização do salário mínimo, redução da jornada de trabalho para 40 horas, sem redução de salário; fortalecimento da Previdência Social pública, com o fim do fator previdenciário e sem aumento na idade mínima da aposentadoria; reforma agrária, com mudanças no índice de produtividade da terra para garantir acesso a quem nela mora e trabalha; utilização no desenvolvimento social dos recursos obtidos no pré-sal, com ênfase para a saúde, educação e erradicação da pobreza; e fortalecimento da organização sindical e democratização das relações de trabalho; igualdade, ampliação da distribuição de renda e inclusão social.

Lula faz balanço dos oito anos de governo durante último pronunciamento

Lula afirmou que, durante seu governo, os investimentos na agricultura cresceram oito vezes e, com isso, cerca de 600 mil famílias foram assentadas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, na quinta-feira (23) à noite, seu último pronunciamento à nação como ocupante do Palácio do Planalto. Em um discurso de sete páginas, Lula apresentou um balanço de seus oito anos de governo.

Ao longo de seus dois mandatos, destacou ele, foram criados 15 milhões de empregos, o salário mínimo teve ganho real de 67%, a oferta de crédito alcançou 48% do Produto Interno Bruto (PIB) e as reservas internacionais somam quase US$ 300 bilhões, dez vezes mais do que quando assumiu o governo.

Lula afirmou que, durante seu governo, os investimentos na agricultura cresceram oito vezes e, com isso, cerca de 600 mil famílias foram assentadas. O presidente também salientou a importância de programas como o Minha Casa Minha Vida, que construiu 1 milhão de moradias, e o Luz Para Todos, que levou energia elétrica a mais de 2 milhões de pessoas e 600 mil pequenas propriedades.

Em oito anos, disse Lula, os investimentos em educação foram triplicados e 214 escolas técnicas federais foram inauguradas. "Mais do que foi feito em 100 anos", afirmou. Além disso, 14 universidades e 126 campus universitários foram implantadas no país. O presidente também destacou o Programa Universidade para Todos (ProUni), que beneficiou 750 mil jovens de baixa renda.

Para Lula, durante seu governo houve "a maior ascensão social de todos os tempos". De acordo com ele, 28 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza e 36 milhões entraram na classe média. O presidente também ressaltou a quitação da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e afirmou que agora é o Brasil quem empresta dinheiro à organização internacional.

Com uma marca histórica, o presidente encerra seus oito anos de governo com 80% de aprovação (87% pessoal) e no próximo dia 1º de janeiro, ele transmitirá o cargo à presidenta eleita Dilma Rousseff. Segundo Lula, Dilma será uma presidenta "à altura desse novo Brasil".

"A minha maior felicidade é saber que vamos ampliar todas estas conquistas. Minha fé alicerça em três fundamentos: as riquezas do Brasil, a força do seu povo e a competência da presidenta Dilma. Ela conhece, como ninguém, o que foi feito e como fazer mais e melhor".